Beija-me !!!! – e não se está a falar de Almodóvar
Uma platéia lotada e ansiosa....
De repente, ouve-se o terceiro e último sinal. E logo após, um corpo oferece os seus braços para serem atados, e assim sendo um emaranhado de cordas toma conta do palco.
Concebeu-se assim a ideia o "Correntes e a Liberdade sexual"
O acto é inspirado no "que fazes para além do que fazes?", prática sexual com cordas cujas técnicas foram estudadas, pelas impacientes personagens, para a elaboração e execução da performance. A técnica ensinada permite o controle do prazer, do movimento e até mesmo da dor.
A ideia é conceber uma metáfora do desejo, do fetiche, através do entrelaçar das cordas. As amarras têm o poder de prender e libertar e é a isso que o título se refere.
Anteriormente: "Ideia/ Revelação /Espaço/ Corpos/ Válvula tricúspide/ Incontinência/ Orgasmo/ Equilibrio / Ser criança"
Desta forma, movimentos delicados e violentos são intercalados e postos em sintonia com os efémeros sons do prazer "Uh! Ai, Ai, Ai, Ui! Ah! UUU! , que permeia todo o espetáculo com uma presença marcante.
O figurino traça o contorno dos corpos de forma a evidenciá-los, como numa grande simulação de actos sexuais e envolvimento amoroso.
"É impossível que estejam possessos"
No segundo acto, os laços do desejo são substituídos por uma caixa de alumínio, de cor vermelha nas arestas e com os lados transparentes, reproduzindo vitrines, onde prostitutas exibem as mamas, as pernas e tudo mais….para os eternos clientes em Amesterdão. Eles simbolizam o desejo não realizado, a pessoa que está ali, mas não pode ser alcançada.
"Apareceu apenas três vezes na História...
A primeira, em Ludón (França), no século XVI. Quase todas as freiras de um convento ficaram possuídas por uma multidão de diabos, que as atormentavam em orgias sem cessar. A segunda, foi nos anos 50, em itália numa virgem que se intitulava como Maria.
E agora, voltou a aparecer."
O clima de sedução continua e o lirismo, que se alterna com movimentos bruscos, também.
Na lateral, a pia de água benta com uma inscrição: "A água benta afasta a tentação do demónio".
Por fim o corte, o corte do cabelo, o corte no amaranhado de tudo aquilo que se é e daquilo que não se deve ser.
Toda essa combinação é finalizada com uma platéia aplaudindo de pé, "numa centrifugação de massas" num êxtase completo que parece corresponder à ansiedade inicial.
O culto a daimónion.
quarta-feira, junho 22, 2005
As histórias, pobres, sisters, quatro, chemical, gajos
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